MISSÃO NAS ILHAS SELVAGENS

SIC acompanha grupo de cientistas durante 20 dias

"- O ROV vai mergulhar agora? 
- Não, ainda não. Talvez daqui a uma hora". 
Uma hora depois. 
"- É agora? 
- Não, ainda não". 

E passam várias horas sem que o robot submarino faça o tão desejado mergulho no Atlântico, ao largo das Selvagens. Para que a operação corra bem é preciso ter paciência e garantir que todas as peças estão a funcionar. E isso é uma tarefa que envolve todos e que tende a arrastar-se no tempo. 

"Mais meia hora e está pronto", diz um dos pilotos do ROV, enquanto suja as mãos com óleo nos derradeiros preparativos. E lá passa mais, não meia mas, uma hora... 

À segunda foi de vez 

Já no dia anterior a equipa técnica tinha tentado mergulhar o ROV, mas uma inesperada perda de óleo tornou impossível a missão. O submarino de grande profundidade mal tocou a água. 


O dia seguinte acabaria por trazer novo fôlego aos cientistas. Nem todos os que seguem a bordo do navio N.R.P. Almirante Gago Coutinho estão ligados à Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental, o grupo técnico-científico do Ministério da Defesa Nacional que lidera esta que é a maior expedição científica portuguesa de sempre. Alguns pertencem a instituições universitárias e de investigação portuguesas e estrangeiras. Pouco sabem sobre o ROV, mas não têm dúvidas que sem o aparelho não podem trabalhar. Precisam do material para começar a identificar, analisar e, finalmente, desenhar o mapa da biodiversidade nesta zona do oceano. 

Às 17h28, de sexta-feira, o ROV "Luso" está na água. Vai descer cerca de 800 metros até ao fundo do mar. E vai colocar na cara dos cientistas um delicioso sorriso que só a paciência tornou possível. 

Quase 6 horas depois conseguirá trazer uma esponja (que muito entusiasmou os cientistas) e algumas rochas. Menos do que seria desejado, mas dentro do esperado. A noite terminará por volta das duas da manhã. Depois de tudo o que foi recolhido ter sido tratado no laboratório improvisado num contentor. 

Para os marinheiros termina assim uma noite de cinema em alta definição com imagens reais do fundo do mar e comentários entusiasmados de quem consegue identificar um animal onde a maioria de nós mais não vê que uma rocha.