24 de junho de 2010

Contratempo na expedição


Aparelho encontra-se a 615 metros de profundidade

Robô submarino Luso afunda-se ao largo da Selvagem Grande

24.06.2010 - 12:57 Por Teresa Firmino, na Selvagem Grande, com Sérgio B. Gomes

O robô submarino Luso afundou-se ontem à noite ao largo da Selvagem Grande, ilha do arquipélago da Madeira, quando se separou do cabo que o ligava ao navio “Almirante Gago Coutinho”.
O Luso encontra-se agora a 615 metros de profundidade. As operações de recuperação do aparelho – que custou três milhões de euros e que pode mergulhar até 6 mil metros de profundidade – devem começar no dia 3 de Julho quando chegar ao local um outro submarino comandado à distância vindo da Noruega.

Quando o acidente aconteceu, a tripulação estava “na fase de recuperação do ROV [veículo operado remotamente, na sigla em inglês], que se encontrava a 130 metros de profundidade", depois de terem sido feitas colheitas de água para análise, explicou Manuel Pinto de Abreu, responsável pela Missão para a Extensão da Plataforma Continental. "Ao reiniciarmos a subida ficamos sem comunicações e o ROV foi para o fundo. O cabo separou-se, mas só ficaremos a saber o que realmente aconteceu quando o ROV norueguês chegar”, disse o mesmo responsável. 

Pinto de Abreu classifica a operação de resgate como um “grande desafio” tendo em conta a grande profundidade e facto de o aparelho norueguês ser também comandado à distância.

O Luso estava nas ilhas selvagens do arquipélago da Madeira integrado numa expedição para inventariar a biodiversidade marinha da região. Os secretários de Estado da Defesa e do Ambiente, Marques Perestrelo e Humberto Rosa, respectivamente, chegam ao local ao início da tarde, uma visita que já estava agendada antes do acidente.

O que é o Luso?

O nome comercial do Luso é Argus Bathysaurus XL, que é a junção do nome em latim do peixe-lagarto de ambientes profundos, versão XL – para grandes profundidades.

O Luso tem dois metros de comprimento, 1,70 de largura e 1,80 de altura. Pesa duas toneladas e consegue ir até aos seis mil metros de profundidade, o que permite alcançar 97 por cento do fundo oceânico mundial.

Foi adquirido em 2008 pela Estrutura de Missão e Extensão da Plataforma Continental (EMEPC) – um grupo científico que estava na dependência do ministro da Defesa, incumbido de provar que a parte continental do território português se prolonga para além das 200 milhas náuticas da zona económica exclusiva.

O veículo custou três milhões de euros. Na altura foi uma escolha entre um aluguer diário de 100 mil euros e a compra. Tomou-se a segunda opção porque a EMEPC calculou que o Luso iria ser necessário pelo menos durante 45 dias. Para além deste objectivo, o ROV foi, sempre que possível, disponibilizado para outras missões científicas.

O ROV cabe num camião, o que permite ser transportado e utilizado por qualquer navio. Não é tripulado, está ligado por um cordão umbilical a um navio de onde é comando à distância. É por aqui que se acede em tempo real à informação recolhida.

O veículo tem uma câmara digital de alta definição, sonar, luzes com alcance de 20 a 30 metros, dois braços manipuladores em titânio para cargas até 100 quilos, garrafas para amostras de água, aparelho de medição da condutividade, temperatura e profundidade, medidor das correntes; aspirador biológico, cesto para recolha de rochas, testemunhos cilíndricos para amostras geológicas, e um sniffer, um nariz que cheira metano na água (indício da presença de fontes hidrotermais ou de depósitos destes hidrocarbonetos).

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