As tentativas de colonização… Desde a sua descoberta no século XV, que as Ilhas Selvagens foram várias vezes alvo de tentativas de colonização mas tal não aconteceu devido à falta de água e por serem um local inóspito. Desses períodos, na Selvagem Grande, ficaram alguns vestígios, tais como: muros de pedra que serviam de suporte à protecção das culturas, construídos pelos colonos originários do Minho e do Algarve, uma velha cisterna e respectivos canais.
A falta de água… Já no séc. XVI aparecem registos relativos a uma fonte de água, actualmente designada por Furna da Água. Esta nascente não é mais do que uma pequena gruta, onde saem do tecto aproximadamente dois pingos de água doce de sete em sete segundos. Segundo Frutuoso (1968), “…uma fonte, que enche somente, cada dia, três ou quatro jarras de três canadas de água doce nas botijas, chamadas meias arrobas…”. Tudo leva a crer que houve tentativas de armazenamento e transporte testemunhado pelos vários fragmentos de cerâmica que foram encontrados nas proximidades desta fonte.
Os proprietários das ilhas Desde o século XVI, como território de privados, as Ilhas Selvagens foram mudando de posse por herança. Ficou na família do banqueiro Luís da Rocha Machado de 1904 até ao início dos anos 70 e na tentativa de controlar as visitas às ilhas, deu-se o direito de coutada aos seus proprietários.
Paul Alexander Zino
Este direito de coutada foi vendido a Paul Alexander Zino, em 1967, cuja intenção foi a de pôr fim ao abate anual de aves. Neste mesmo ano, conseguiu também uma licença para construir uma casa.
Criação da Reserva
Em 1971, as Ilhas Selvagens ficam sob a administração territorial da Região Autónoma da Madeira e são classificadas como Reserva. Desta forma as Selvagens passaram a ser uma Reserva, "essencialmente ornitológica", como uma das mais importantes áreas de nidificação de aves marinhas de todo o Atlântico Norte.
1976…período “conturbado”
No período de mudança de regime político em Portugal (1974/75), as Selvagens foram também “alvo desta época revolucionária” da história do País, não sendo imunes aos "excessos" próprios deste período. Assim, em 1976, populares "conhecedores das ilhas" em embarcações de pesca desembarcaram na Selvagem Grande e destruíram as casas existentes. Estes, alegando chavões políticos relacionados com o direito à propriedade, exigiam a liberdade da apanha das cagarras, não licenciada nem autorizada por força da lei da Reserva Natural, tendo sido impedidos pela acção de Paul Alexander Zino e dos guardas que este tinha contratado na altura.
Necessidade de vigilância…os guardas das Ilhas
Consequentemente, desde 1976, a Selvagem Grande tem vigilância permanente, tendo sido construída uma casa de abrigo para os guardas da Ilha na altura. Nestes homens, destaca-se um, Fernando Almada, pela forma contínua que efectivou constante vigilância nas Ilhas. Vários foram os seus parceiros, mas estes acabariam sempre por desistir, pois não estava só em causa o isolamento mas as condições de estada que eram parcas ou mesmo inexistentes. Depois de várias tentativas para arranjar um companheiro para formar equipa com Almada, surge então Jacques da Mata e o próprio filho de Almada, Filipe Almada (hoje, ambos Vigilantes da Natureza!) que dariam seguimento ao projecto de protecção e a ligação com os futuros Vigilantes da Natureza.
Corpo de Vigilantes da Natureza
Posteriormente, em 1982, o Parque Natural da Madeira foi criado, dando início à gestão da Reserva Natural das Ilhas Selvagens apenas em 1991. Desde então, os guardas das ilhas passam a incorporar o Corpo de Vigilantes da Natureza, os quais hoje em dia continuam a desempenhar um papel fundamental nas demais acções de conservação como sejam, a fiscalização e vigilância da Reserva, a manutenção do estado de conservação da biodiversidade, a divulgação dos programas de investigação desenvolvidos nesta área protegida bem como a recepção, explicação e transmissão de valores aos visitantes.
Fonte: Jornal da Madeira |