O Blog Ilhas Selvagens felicita o Prof. Manuel Pinto de Abreu pelas suas novas funções esperando que continue a fazer pelo Mar Português o excelente trabalho anteriormente desenvolvido na Plataforma Continental nacional.
Manuel Pinto de Abreu, de 52 anos, até aqui responsável pelo projecto de alargamento da plataforma continental, entregue nas Nações Unidas em 2009, é o novo secretário de Estado do Mar. É oceanógrafo e engenheiro hidrógrafo, com o doutoramento em oceanografia física feito em 1991, na Naval Postgraduate School de Monterey, na Califórnia. Antes da vida académica, Pinto de Abreu, que se licenciou em Ciências Militares Navais em 1983, na Escola Naval no Alfeite, foi oficial imediato do navio “Limpopo” (1984) e comandante do “Dom Jeremias” (1986). Após o doutoramento nos Estados Unidos, trabalhou no Instituto Hidrográfico, da Marinha, onde chefiou, entre 1992 e 1997, a Divisão de Cartografia e Hidrografia. Mais tarde, foi vice-reitor da Universidade Lusófona, onde também foi director das licenciaturas em Ciências do Mar, Química, Engenharia Biotecnológica e Engenharia do Ambiente. Em 2005, assumiu a chefia da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), dependente do Ministério da Defesa Nacional. Esta estrutura foi incumbida pelo Governo de provar, através de dados técnicos e científicos, que a parte continental do território português se prolonga para além das 200 milhas da costa. Para tal, a equipa da EMEPC teve de reunir diversos tipos de dados sobre o fundo do mar (geológicos, geofísicos, hidrográficos...), nomeadamente através de campanhas oceanográficas. Recorreu ainda à compra de um veículo operado remotamente (ROV), capaz de mergulhar a seis mil metros de profundidade. Com a entrega da proposta portuguesa nas Nações Unidas em Maio de 2009, os trabalhos de fundamentação técnica e científica ainda podem continuar, até porque o processo só deverá ficar estar concluído por volta de 2015. Só então Portugal terá jurisdição sobre o leito e o subsolo do mar para lá das 200 milhas, e aos recursos que aí se encontram, desde energéticos até biológicos e genéticos, ao abrigo da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), em vigor desde 1994. Foi à frente da EMEPC que Pinto de Abreu se tornou uma presença assídua nos meios de comunicação social e defendeu o regresso de Portugal ao mar. Ao PÚBLICO, em 2007, dizia que, apesar de várias falsas partidas, nos últimos dez anos tínhamos começado a regressar ao mar. E considerava importante o relançamento das actividades económicas sustentáveis de base oceânica e a criação de uma entidade-chapéu que integrasse e coordenasse todas as actividades no oceano, desde a sua exploração até à sua protecção.
“No que me toca, a nossa quota-parte de regresso ao mar está a ser cumprida”, dizia então.
In: Público