22 de maio de 2011


Reserva Natural das Ilhas Selvagens

Parque Natural da Madeira


A exploração de plantas naturais
Logo após a descoberta, os homens tentaram rentabilizar todos os recursos disponíveis nas Ilhas Selvagens. Como exemplo temos a recolha de plantas naturais para utilização na indústria da tinturaria e dos curtumes, como sejam a urzela, o pastel e o sumagre.
A Urzela…
As Ilhas Selvagens foram exploradas para a recolha de urzela, um líquen que cresce espontaneamente nas escarpas.
O seu comércio tornou-se muito próspero no século XVIII e os proprietários das ilhas celebraram contratos temporários para esse fim. A urzela era muito usada na tinturaria, imprimindo uma cor púrpura nos tecidos e papel, e era exportada por caravelas para a Inglaterra e Flandres.
Utilização da Urzela… o seu incremento e declínio…
Segundo o autor das “Ilhas de Zargo”, a aplicação deste líquen à tinturaria fazia-se depois de «convenientemente preparado com adicionamento de urina para o curtimento, (uma vez) libertada do amoníaco pela acção da cal, e reduzida a uma pasta de consistência sólida, tendo a coloração violeta avermelhada».Continuando o mesmo autor, «tomou tanto incremento o comércio de urzela no arquipélago madeirense que suscitou uma legislação especial, constituiu monopólio do Estado, foi empresa de contratadores e traficância de contrabandistas quando, por protecção à urzela de Cabo Verde, se desacreditou intencionalmente a da Madeira, depois de aceita e preferida em toda a Europa como a melhor no mercado; e proibiu-se a sua exportação com grande prejuízo dos Municípios». (…). «Nem a qualidade do produto, nem as providências dos Governadores resolveram o problema, porque o trabalho dos negros em Cabo Verde e a Descoberta das anilinas na Europa deram o golpe de morte na urzela da Madeira retirando a importância comercial da também colhida nas Selvagens».
O Pastel
Um outro produto natural de igual riqueza comercial na Europa, que valorizou as ilhas Selvagens a partir do século XV, foi o pastel, planta glauca, de cujas folhas se extraía um líquido azul empregado na coloração de panos comerciais. Segundo relatos: «Teve o pastel muito emprego no continente europeu desde João Gonçalves Zarco. Exportava-se, já seco ao sol ou amassado em bolas depois de sua fermentação».
O Sumagre
O sumagre foi muito explorado nestas ilhas, pois empregava-se esta planta no curtimento de couros e peles destinados à indústria de calçado, muito usado pelo povo da época. O curtume era feito com as folhas e casca da referida planta que era muito consumida na Europa.
A Barrilha
Outras plantas eram igualmente exploradas nestas ilhas, mais conhecidas por Barrilha, colhidas para serem utilizadas no fabrico de sabão. Extraía-se a soda destas plantas, pondo-as a secar ao sol e queimando-as depois dentro de covas feitas no terreno. Depois de queimados os corpos que entram na composição da barrilha, ficava pelo arrefecimento uma substancia dura e alcalina denominada soda bruta, e a que os madeirenses chamavam pedra de barrilha ou pedra de fazer sabão. A soda bruta era descarbonatada pela cal.
Note-se que existem registos da existência de um forno de soda na Selvagem Grande, tal era a exploração destas plantas e que todas as actividades referidas constituíam excelentes fontes de rendimento.
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