Aparelho continua a cerca de 600 metros de profundidade
Falhou a primeira tentativa de recuperação do robô submarino Luso
05.07.2010 - Por Teresa Firmino
A primeira tentativa de resgate do robô submarino Luso, que se afundou ao largo da Selvagem Grande, ilha do arquipélago da Madeira, terminou ontem sem sucesso. As operações de recuperação do veículo não tripulado reiniciaram-se hoje por volta das 14h30 e deverão prolongar-se por várias horas, disse Manuel Pinto de Abreu, responsável pela Estrutura de Missão e Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), que comprou o aparelho em 2008.
O Luso continua encalhado a cerca de 600 metros de profundidade (DR)
O Luso encontrava-se numa grande expedição às ilhas Selvagens, a 163 milhas a sul da Madeira, com o objectivo de inventariar a sua biodiversidade marinha, tanto em terra como no mar. Além dos navios “Almirante Gago Coutinho”, “Creoula” e “Vera Cruz”, a expedição, que terminou na última terça-feira, teve a participação de cerca de 70 investigadores, muitos dos quais envolvidos em mergulhos diários ao largo das ilhas para fazer o levantamento da vida marinha.
Ao robô submarino, comandado à distância do navio “Almirante Gago Coutinho”, através de um cabo que funciona como um cordão umbilical, por onde também se acede à informação recolhida em tempo real, cabia ir mais fundo nos mergulhos, para recolher por exemplo espécimes biológicos e sedimentos.
O Luso é um veículo operado remotamente (ou ROV, na sigla inglesa), pelo que não tem tripulantes, e é capaz de descer a 6000 metros de profundidade. O sistema custou três milhões de euros no total, com o veículo propriamente dito a ficar em cerca de 600 mil euros, segundo Pinto de Abreu.
O aparelho fazia o quarto mergulho da missão, a 23 de Junho, quando o cabo que o ligava ao navio se separou e afundou-se. Ficou a 615 metros de profundidade, ao lado da Selvagem Grande.
O mergulho tinha-se iniciado pelas 17h45 e o veículo já se encontrava na fase da subida, de regresso ao navio, quando por volta das 22h50 tudo aconteceu. Momentos antes, a 130 metros de profundidade, fez-se uma paragem para se recolher amostras de água.
Quando a subida foi reiniciada, a equipa que comandava o veículo no navio perdeu todas as comunicações, pelo que também deixou de receber as imagens que as câmaras do ROV iam mostrando da subida. Mas, até aí, as câmaras não mostravam nada que pudesse representar perigo para o veículo, refere Pinto de Abreu.
Não se sabe portanto o que originou a separação do Luso, mas o mesmo responsável menciona que no cabo faltam 1,50 metros. “Não sabemos o que se passou na coluna de água.
A recuperação está agora a ser feita com outro ROV da mesma empresa norueguesa que vendeu o Luso a Portugal, a Argus Remote Systems.
Ontem, esse outro veículo desceu até junto do ROV português e soltou a sua alça de recuperação de emergência, a que depois prendeu um cabo. Desta forma, o Luso foi trazido quase até à superfície e pouco faltou para que regressasse ao convés do “Almirante Gago Coutinho”. O problema foi a ondulação, que levou a que o sistema de acoplamento não funcionasse bem. O Luso soltou-se e regressou aos 600 metros de profundidade.
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